Questões tácticas

 

Processos do Benfica

Após a visualização de vários jogos do Benfica consegui perceber alguns processos ofensivos da equipa encarnada, aqueles que a equipa mais procura executar e que têm conseguido objectivamente tirar resultados.

Quando a equipa está a começar a construir a sua organização, a bola chega a Javi Garcia vinda de um dos centrais, Maxi Pereira e Fábio Coentrão sobem no terreno para ficarem posicionados entre-linhas do adversário, ou seja, entre a linha dos dois extremos e dos dois médios centro e o Aimar/Carlos Martins recuam um pouco para receber a bola de Javi Garcia.

 

Depois num segundo momento que é quando a bola entra em Aimar/Carlos Martins, Saviola sai da posição em que está (Saviola está encostado a um dos centrais adversário) passando para uma zona de entre-linhas, entre a linha dos defesas e a linha dos médios para receber a bola de Aimar/Carlos Martins. Nesta situação se o marcador de Saviola se deslocar atrás dele fica um espaço enorme no sítio onde o central estava posicionado que o Benfica pode aproveitar com Cardozo a fugir para essa zona e onde depois com um passe em profundidade pode ficar isolado. Caso o marcador de Saviola não o acompanhar este recebe a bola com tempo e espaço para pensar no que fazer, sair numa jogada individual, sair em tabelas com Aimar/Carlos Martins o até em triangulações com um dos extremos e Aimar/Carlos Martins.

 

Tiago Espanhol

08/10/2010

O que é realmente a equipa e o que são situações de jogo.

 

O treinador monta um sistema de jogo, ao sistema de jogo ele aplica um modelo de jogo com os princípios e mecanismos ou processos. Existe depois aquilo que talvez seja a parte mais importante da equipa no jogo que são os 4 momentos de jogo em que a equipa tem de saber entender esses momentos e adequar-se a cada um deles, logicamente que a maneira como se vão adaptar é um processo que a equipa já tem enraizado e que foi implementado pelo treinador tendo em conta vários factores. Os 4 momentos de jogo são, a organização defensiva, a organização ofensiva, e transição defesa-ataque-defesa, estes são os momentos de jogo em que a equipa vai demonstrar muito daquilo que ela é e o que pretende no jogo. Por exemplo a equipa quando está em organização defensiva junta o trinco aos centrais e os outros dois médios juntamente com os extremos fazem uma linha de 4 á frente da linha de 5 dos defesas e trinco, este é um dos processos da equipa em organização defensiva, mas se eventualmente o trinco não se juntar aos centrais mas sim á linha de 4 mais á frente numa ou outra ocasião é uma situação de jogo e não um processo de organização defensiva. Por exemplo, em organização ofensiva a equipa não utiliza o apoio dos laterais no ataque em processo ofensivo, mas se em uma altura um dos laterais se juntar á equipa na frente de ataque não é um movimento implementado pelo treinador de processo ofensivo mas sim uma situação de jogo. É importante perceber o que é uma equipa realmente, como é que ela se organiza, como é que se dispõe no terreno, como defende, como ataca entre outros factores, e separar isso de situações de jogo ocasionais e que não são aquilo que a equipa é na verdade.

Tiago Espanhol

29/09/2010

 

 

 

Mentalidades…

 

As equipas vivem de vitórias e de golos, mas por detrás de golos e vitórias existe um imenso trabalho feito dia após dia, treino após treino para atingir o tão esperado expoente máximo das capacidades da equipa. Um dos pontos que o treinador tem de trabalhar com a equipa é a mentalidade que ele quer implementar no seio da equipa.

Uma mentalidade ganhadora, mentalidade de disciplina, “guerreira”, trabalhadora, ou até arrogante entre outras diferentes mentalidades. Depois existe a personalidade que o treinador quer dar ou não á equipa, quando se ouve falar de uma equipa com personalidade, significa que a equipa está montada a imagem daquilo que o treinador pretende, percebe-se bem os movimentos da equipa a atitude dos jogadores em campo, juntamente com um tipo de mentalidade. Talvez antes de tudo, o treinador tem de perceber qual a ambição do clube, qual tem sido a linha de pensamento do clube ao longo dos anos, e qual a qualidade técnica do plantel. Exemplificando, não é natural o treinador do Paços de Ferreira colocar uma equipa sem qualquer tipo de ambição de campeonato ou até de competições europeias e sem qualidade técnica para concorrer com grande parte das equipas do campeonato, ter uma mentalidade ganhadora ou seja dispor a equipa num sistema ofensivo com grande desgaste físico. O natural seria uma equipa bem organizada, “guerreira” que luta por todas as bolas como se fosse a ultima. O exemplo de equipas disciplinadas tacticamente é por exemplo as equipas de Louis Van Gaal, onde não existe muita criatividade por parte dos jogadores, equipa por exemplo com muita classe e muita personalidade onde a criatividade dos jogadores salta á vista é por exemplo o Barcelona de Pep Guardiola esta equipa encaixa exactamente nas palavras de Valdano “ quem trata bem a bola trata bem os espectadores”. Resumindo a mentalidade cria-se tendo em conta, o que foi o clube ao longo dos anos, qual a ambição do clube, qual o projecto a curto/médio/longo prazo do clube, qual o nível de qualidade do plantel e por fim a maneira como o treinador gosta de trabalhar a equipa.

Tiago Espanhol

29/09/2010

 

 

 

PSG – Rapid Viena final taça das taças 1996.

 

Tive o prazer de poder gravar este jogo para analisar ao pormenor e colocar aqui a análise feita ao jogo.

Achei este jogo importante por duas razões, a primeira por ser uma final da taça das taças, a segunda pelo sistema de jogo do PSG de Luís Fernandez.

O PSG jogava num sistema de 3x4x3 que variava com um 3x5x2 (este mais em situações defensivas). Com Lama na baliza os três centrais Paul Le Guen em posição libero, N´gotty e Le Roche. Os médios eram fornier, Daniel Bravo, Guerin,Collete Na frente Patrice Loko, Djorkaeff, Raí (substituído cedo ao min 10 por Dely Valdes). Começou por ser comandado por Raí, era ele que começava a organização ofensiva do PSG, um jogador com muita calma a jogar, pensava bem o jogo do PSG, dava a verticalidade ao jogo do PSG, mas ainda na primeira parte, devido a lesão foi substituído por Dely Valdes. Dely Valdes era um ponta de lança que passou a jogar ao lado de Patrice Loko, ficando a tomar conta da batuta o Djorkaeff. Luís Fernandez um modelo de jogo em que a equipa no meio campo trocava bem a bola e depois tentava a colocação da mesma em desmarcação nos homens da frente ou através das investidas de Djorkaeff. Foi a partir da altura que Raí é substituído que Djorkaeff passa a organizar o jogo e é nessa altura que o jogo começou realmente. Paul Le Guen a organizar o jogo na 1º fase de construção com uma classe inigualável uma certeza de passe enorme, depois mais á frente Djorkaeff era um verdadeiro “artista”, quando tinha a bola nos pés ele organizava, arrancava para a baliza, rematava, um jogo fora de serie de Djorkaeff. Em termos colectivos esta equipa impressionou-me pela grande dinâmica, a maneira como a equipa de uma situação defensiva de 3x5x2 recuperava a bola e arrancava para um 3x4x3 numa rapidez enorme muito derivado ás arrancadas de Djorkaeff, uma mobilidade muito grande de Loko e Dely Valdes que assim que a equipa recuperava a bola descaiam nas faixas laterais dando um espaço enorme para Djorkaeff penetrar. O meio campo limitava-se a um jogo muito posicional para puder equilibrar a equipa ocupando a zona central, sem espaço para o Rapid organizar jogo. Ainda assim muitas vezes os médios tanto os da zona central ( Daniel Bravo soltava-se muito mais do que Guerin este um jogador mais de contenção) como os mais encostados as faixas (Fornier e Collete)  incorporavam em jogadas de ataque com situações de, um apoia o outro fica mais em trabalho posicional de apoio para a equipa não ser apanhada em inferioridade numérica. O PSG ganhou este jogo com um golo de livre de N´gotty, mas com muitas oportunidades de golo falhadas por parte do PSG, um bom jogo para ver uma equipa a expor-se no campo 3x4x3/3x5x2 que já existe pouco no futebol dos dias de hoje.

 

 

28/09/2010

Tiago Espanhol

 

 

Selecção pode jogar em 4x4x2 losango.

 

Este é um sistema que requer bastante trabalho táctico no treino, pois o princípios têm de estar bem esclarecidos e definidos. Existem factores que caso não sejam bem trabalhados podem se tornar complicados para a equipa no jogo. Os jogadores têm de perceber que espaços é que vão ocupar com bola e sem bola pois a equipa não vai utilizar as faixas laterais e os médios interiores têm de saber ocupar bem esse espaço em manobras ofensivas e defensivas, os laterais têm de se preocupar em defender rápido para não desequilibrar defensivamente. Em manobras atacantes a equipa tem de jogar um futebol curto e apoiado de maneira a conseguir progredir no terreno pela zona central. No vértice defensivo (trinco) tem um trabalho muito importante, na procura de iniciar a construção e ligar o jogo com os médios interiores e com o médio do vértice ofensivo para que estes não sejam obrigados a recuar no terreno para procurar a bola e isso fazia com que a equipa ficasse muito recuada e muito longe das zonas de criação e finalização. Os dois médios interiores têm que procurar zonas laterais para dar um pouco de largura á equipa em circulação de bola. O médio do vértice mais ofensivo tem de fazer a ligação do meio campo aos dois homens mais avançados, tentando não recuar muito no terreno para equipa ficar bem equilibrada com sectores juntos de maneira ao médio ofensivo ter sempre bola em zonas que pode decidir. Os dois avançados têm de ter alguma mobilidade na frente de ataque para não se darem á marcação. Um dos avançados pisa terrenos um pouco mais recuado a procurar espaços entrelinhas, o outro avançado um pouco mais fixo, mas com alguma mobilidade dentro de área. Posto isto penso que temos jogadores com características para jogar em 4x4x2 losango mas penso que é muito complicado implementar numa selecção mas não impossível, outra questão também importante é não potencializar todas as capacidades dos nossos extremos e dos nossos laterais que são muita qualidade técnica. O Pepe parece-me o jogador com mais qualidade para jogar a médio defensivo apesar de não jogar a médio defensivo no Real Madrid mas tem todas as características necessárias para fazer essa posição. Outra questão importante é o facto de não termos um nº10 ou um jogador com essas características, o mais próximo será o Danny ou Carlos Martins. O João Moutinho é um jogador habituado a jogar na posição de médio interior e fá-lo muito bem, Miguel Veloso apesar de não jogar muito nessa posição actualmente, jogou algumas vezes com Paulo Bento, penso que ele encaixa melhor que Raul Meireles. Depois Danny na posição de 10,não é um jogador claramente 10 mas está habituado a jogar nesses espaços, obviamente noutras circunstâncias tácticas. Ronaldo seria o homem para procurar jogar entrelinhas com toda a liberdade de espaço, ou seja pode percorrer todo campo na procura de espaços para receber a bola e posteriormente desequilibrar nas suas investidas para a zona de finalização. Liedson jogaria como o homem mais atacante da equipa procurando perceber as movimentações dos colegas (Danny, Ronaldo, Moutinho, Veloso) para puder aparecer em situação de finalização, entregaria também uma tarefa importante a Liedson que era exactamente fazer uma pressão na saída de bola dos defesas adversários.

Tiago Espanhol

24/09/2010

 

 

 

 

Porto Vilas Boas.

 

O FC Porto 2010/2011 é uma estrutura muito bem montada por André Vilas Boas, com todas as peças a encaixarem perfeitamente umas nas outras de modo consolidar a sua estabilidade. O Porto é uma equipa personalizada, com um sistema de jogo bem definido um modelo de jogo também ele bastante claro e com princípios de jogo bem consolidados. Nesta altura do campeonato onde muitos treinadores ainda procuram o melhor onze. André Vilas Boas utiliza um 4x3x3 idêntico ao da Académica do ano 2009/2010, o jogo do Porto passa por 1º fase de construção onde Fernando é um elemento importante porque é com ele que tudo começa, apesar de Moutinho muitas vezes se aproximar dele na fase de construção, depois numa fase de criação onde Moutinho tem um lugar de destaque com a sua entrega ao sistema e com uma capacidade táctica enorme, o Porto faz uma circulação de bola tecnicamente irrepreensível, na procura de colocar a bola num dos extremos em movimentos de ruptura ou mesmo entregar-lhes a bola e estes depois criarem desequilíbrios em situações de um para um. Falcão tem recuado um pouco mais quando o Porto tenta a circulação de bola de maneira a puder apoiar os dois médios(Beluschi e Moutinho) para manterem a posse de bola. Os laterais não têm tido tanta preponderância como tinham com Jesualdo, pois agora têm uma função mais de apoio procurando sempre posicionarem-se bem para a equipa ter um equilíbrio quando está em situação de ataque, ainda assim Álvaro Pereira tem alguma liberdade de apoiar o ataque mais que Sapunaru, derivado também ás suas características. Muito importante também na manobra de ataque do Porto é a grande mobilidade em zonas de ataque. O Porto tem mostrado muita diversidade de opções para chegar á baliza adversária e fazer golo.

Desequilíbrios de um para um de Varela e Hulk.

Remate de meia distância de Beluschi e Hulk.

Exímios marcadores de livres.

A juntar também a grande capacidade de Falcão finalizar as jogadas.

Tiago Espanhol

23/09/2010